Ventos e Tempestades

Quem é este que até o vento e as ondas do mar repreende e eles lhe obedecem?
(Lc 8.25)

VENTOS E TEMPESTADES

Um dia eu estava caminhando na praia e ventava muito. Observando os coqueiros notei que a maioria deles cedia à força do vento e vergavam-se para trás. Ao se vergarem expunham seus frutos quando suas palmas eram jogadas de um lado para o outro. Ficando desprotegidos, os seus frutos apareciam por completo.

Frutos pequenos e mirrados, mas que estando à frente, enfrentavam os ventos. Parecia que nos coqueiros existia uma força que os fazia não se render completamente à força dos ventos. O vento lutava contra eles, esforçava-se por derrotá-los, mas os coqueiros mesmo cedendo à força impetuosa e contrária dos adversários, não se deixavam derrotar e nem se davam por vencidos. Quando o vento arrefecia os coqueiros retornavam às suas posições. Eles se empertigavam novamente e expunham toda a exuberância e “altaneiridade” que um alto coqueiro pode apresentar.

Amados, os ventos, as tempestades e as tormentas também se levantam contra nós. Eles não escolhem idade, sexo, religião, etnia, condição social, econômica e política. Todos nós estamos sujeitos a qualquer momento de ter que enfrentá-los.

Qual tipo de vento lhe atingiu? Pelos ventos da intolerância? Da incompreensão? De desgraças pessoais? Descobriu que seu filho está se drogando? Recebeu a notícia que sua filhinha amada está com câncer e que não há remédio para curá-la? Descobriu que seu marido ou esposa está lhe traindo? Perdeu um ente amado num acidente automobilístico? Está vendo seu filho morrer e nada pode fazer? Perdeu um parente que você amava assassinado? Perdeu seu emprego? Seu filho foi seqüestrado? A depressão está tomando conta de seu ser? Sente sua saúde vulnerável? São os ventos fortes e impetuosos.

Às vezes queridos, como coqueiros frágeis, nos vergamos à força dos ventos. Nossos frutos, como amor, bondade e resignação outrora grandes, sem as lutas, aparecem agora em meio à tormenta, pequeninos e envergonhados, quando não, apresentamos frutos como o desespero, a angústia, o abatimento e a frustração, a falta de fé e a descrença em tudo. Envergonhados, sentimos o sabor da derrota e perdemos toda a esperança no futuro.

Entretanto, a força dos ventos da vida, as lutas do dia a dia, as tempestades que se abatem sobre nós e as doenças que levam nossos entes queridos não podem nos abater se temos a certeza e convicção da presença de Jesus de Nazaré conosco. Choramos, clamamos, esgarçamos nossas almas, mas seu afetuoso amor preenche o vazio arrancado de nós nos dando consolo e paz.

Depois de Jesus repreender a tempestade e as violentas ondas do mar veio a calmaria. Então, estupefatos seus discípulos perguntam “quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?”.  Ele pela força do seu poder acalmou o mar e a tempestade, trazendo a bonança e os discípulos continuaram a atravessar o mar com segurança.

Ele é aquele que compreende porque nos vergamos quando os ventos vêm; porque às vezes quase desistimos de tudo; porque ficamos tão abatidos que pensamos não ter mais condições de continuar a lutar; porque clamamos que já não temos forças para prosseguir; e porque nos sentimos ante a dor tremenda derrotados, acabados e nem percebemos que Ele está do nosso lado.

Por que Jesus compreende isto? Porque veio a terra como homem e aqui viveu como homem. Nesta terra  Ele passou fome, frio, emoções, alegrias e tristezas, viu seus amigos doentes, sentiu a dor da mãe que perdeu o filho. Viu seu amigo morrer e chorou como qualquer um de nós. Vivendo aqui tomou todas as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si.

Jesus Cristo é o mesmo amados. Ele não mudou. Continua acalmando as tempestades e a força dos ventos.

Neste maravilhoso dia que o Senhor fez se aproprie da seguinte mensagem profética: Eis que eu darei a você forças para vencer os ventos e você poderá continuar a atravessar o mar em segurança. Como os coqueiros, enquanto você estiver vivo, deverá lutar contra os ventos, mas não desista porque você pode contar com a minha ajuda.

Com carinho,
Rev. Pedro Neves

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